domingo, 27 de março de 2011

SEM CONDIZER

11. LADO SELVAGEM
Onde se encontra a estrada
onde se encontra o meu lado selvagem
que nela se perdeu
e que com ele o meu eu, levou.

Hoje é dia de entender
tempos que são de procura
da paixão pelo teu ser
mesmo que seja adentro da noite escura.

Hoje é dia de querer
tempos que são de poder
de ter em mim o furação do teu ser
mesmo que seja proibido de te ver.

Hoje é dia de criar
tempos que são de encantamento
por ser possível pensar
contigo poder estar
mesmo que seja só por um exequível momento.

Hoje é dia de afastar
tempos que são de derrapagem
do meu ser selvagem.

(03.03.2008)

SEM CONDIZER

10. TORTURA
Outros há que decidem por si só
o que se deverá ter como postura
perante o criar de todo e tanto nó
esquecendo o que tal significa de possível tortura.
O que se poderá dizer ao que encarna
a sensação de ser incapacitado
perante a ferocidade de efeito de tanta arma
pertença de quem, agarrado ao hábito de fazer, é precipitado?
Que deverá ser permanente e invariavelmente tolerante?
Aceitando o esquecimento de quem à sua volta é visitante
ou
que deverá manifestar o seu descontentamento
inequivocamente resultante
criando afastamento
quiça perigosamente bastante
fazendo de tal, a sua crença pessoal?
Ou ainda
tal ostra que se fecha ao contacto
e na areia se esconde ao tacto
que deverá em crescendo um seu mundo criar
onde, manifestando-se inesgotavelmente egoísta
se formará em sentir de isolar
e assim poder descansadamente caminhar?
Serão estas questões para resolver?
Efeito da realidade de alguma existência?
Serão pensamentos dúbios a contradizer?
E que não é por aí que se construirá
uma mais desejada possibilidade de ter
uma outra constante vivência.

(03.03.2008)

quarta-feira, 9 de março de 2011

SEM CONDIZER

9. Breve
Onde se encontra a minha alma viva
que às vezes se quer perdida
indolentemente vadia
angustiantemente fatigada
outras vezes domada.

O quanto quero percorrer o tempo
mesmo que seja com o vento
à procura do significado
desta dúvida em amontoado.

(09.02.2008)

SEM CONDIZER

8. Conversas
Conversas sem caso, ao acaso
conversas úteis ou deliberadamente fúteis
conversas à beira do passeio
dando mostra do anseio
de sobre as angústias divagar
ou de apenas as divulgar
conversas estonteantes, perdidas
à procura de um achado
querendo afirmar necessidade vividas
da existência de um maravilhado amado
conversas ouvidas sem as ter havidas
com vontade de atar o estar
abanando o pensamento, lento
das perturbações das convicções
conversas a rir, conversas a pedir
atenção de quem vai a passar
de quem poderá vir a estar
sentado, sem eira nem beira
à beira
conversas, enfim, para ficarem ou para acabarem
perdidas na bruma da existência
do meio de confusa permanência.

(25/29.02.2008)

SEM CONDIZER

7. Escrever
Escrever compulsivo
porque eu não quero parar de dizer
tudo o que tenho de fazer
para que ninguém se possa esquecer
do caminho que tem de percorrer
pode ser um aviso.

Escrever inquietante
porque eu não quero parar de desejar
tudo o que tenho de amar
para que ninguém se possa afastar
do caminho que tem de criar
pode ser a vinda de um amante.

Escrever fatigado
porque eu não quero parar de saber
tudo o que tenho de aprender
para que ninguém se possa suspender
do caminho que tem de compreender
pode ser porque sou amado.

(10.02.2008)

quarta-feira, 2 de março de 2011

SEM CONDIZER

5.6. Sentimento

1
Quero não parar
de escrever, abusando
da musa, presente
no canto da minha mente
a mão cansando
e a tinta do verbo, esgotando
traz-me o desejo
de nunca estar no mesmo lugar
temendo que o medo da ansiedade
por aqui me deixe ficar
e assim apareçam
palavras cansadas
que rolam engraçadas
pela frente dos meus olhos
tentando arrastar-se, para brincar
com a realidade
e assim provocar
a minha vaidade
palavras soltas
que correm esquizofrénicas
pelo interior da minha gente
tentando agrupar-se, para dar
sentido à sua existência e consistência
à minha vivência.

2
Essa vontade de não estar
será em consequência de necessidade
de por aqui não dever andar
ou apenas manifestação
da força da vaidade
o que é certo é que
com variada frequência
às vezes disfarçada
às vezes deveras marcada
essa, de momento
incompreensível apetência
se enraiza
e fabrica momentos
indecifravelmente inquietantes
e invariavelmente expectantes
de fenómenos errantes
cheios de estranhos ventos
Oh! Receio de novas realidades
que me podem trazer outras verdades
que se agarra
de tal forma secular
que me tolhe a garra
e me impede
de me atirar a esse caminhar
livre de qualquer amarra
e pronto para outras vivências
experimentar.

(03/10.02.2008)