quarta-feira, 2 de março de 2011

SEM CONDIZER

5.6. Sentimento

1
Quero não parar
de escrever, abusando
da musa, presente
no canto da minha mente
a mão cansando
e a tinta do verbo, esgotando
traz-me o desejo
de nunca estar no mesmo lugar
temendo que o medo da ansiedade
por aqui me deixe ficar
e assim apareçam
palavras cansadas
que rolam engraçadas
pela frente dos meus olhos
tentando arrastar-se, para brincar
com a realidade
e assim provocar
a minha vaidade
palavras soltas
que correm esquizofrénicas
pelo interior da minha gente
tentando agrupar-se, para dar
sentido à sua existência e consistência
à minha vivência.

2
Essa vontade de não estar
será em consequência de necessidade
de por aqui não dever andar
ou apenas manifestação
da força da vaidade
o que é certo é que
com variada frequência
às vezes disfarçada
às vezes deveras marcada
essa, de momento
incompreensível apetência
se enraiza
e fabrica momentos
indecifravelmente inquietantes
e invariavelmente expectantes
de fenómenos errantes
cheios de estranhos ventos
Oh! Receio de novas realidades
que me podem trazer outras verdades
que se agarra
de tal forma secular
que me tolhe a garra
e me impede
de me atirar a esse caminhar
livre de qualquer amarra
e pronto para outras vivências
experimentar.

(03/10.02.2008)

Sem comentários:

Enviar um comentário