sexta-feira, 24 de abril de 2009

EM CONTÍNUO

Risco, tento, o fio descritivo
do reflexo do traçado destino
querendo-o largo, sem fim
caminhando no intemporal infinito.
E o que vejo (?), a folha tamanha
de limitado espaço
brincando com a vontade
que não é dela
com manha e a espaço
ludibriando a força do traço
do desejo incontido.
Que me faz viajar
em rodopio constante
para não cair no vazio
da folha que, em contínuo
me coloca à frente
uma qualquer amante
a fim de não me permitir
nada entender.

domingo, 12 de abril de 2009

AQUI

Sentado, no meio do turbilhão
de vozes silenciosas
ouvindo, o pensamento que se eleva
entre a enorme confusão
de mentes ociosas
olhando, o movimento que circula
no seio de um ar que seca
tacteando a mesa que suporta
o papel que deixará de ser inocente
borbeletando as palavras
que me circundam, confundindo
as vontades que se afundam
no poço de ideias que vão pedindo
que não as deixem falecer
pois, por aqui, neste mundo
pouco abundam
caminhando no tempo
que se me parece haver
eis que de repente, alguém tem em mente
questionar-me:
o que estás aqui a fazer?

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O QUE FAZER

As palavras me fascinam
mais do que olhares, captáveis
mais do que paladares, intragáveis.
Do desejo de que elas me pertençam
brota incessantemente a vontade
de que elas de mim nasçam
o que faz ser constante
o labor da minha estouvada mente.
Esquizofrenia mal formada
perdida na tentativa de abraçar
dia a dia
um qualquer sentido que por aí
já deve ter existido
faz com que, momento a momento
se me vislumbra
o meu ente, na penumbra
que pede para, mesmo virando pó
pelo menos no meio delas possa ficar
para me sentir menos só.

terça-feira, 7 de abril de 2009

EGO DE 24.02.2009

Traço no ar a palavra
que de entediada se faz cara
e que embrulhada nos tumultos
do pensamento se esquiva.
E difícil se torna o concreto
do desenho a que se destina
perdendo-se a consequência
da pouca tinta
de que disponho para o efeito.
Com a força da sua sensação
de ser palavra sem glória
e vâ, peleio
sem me construir na tentação
de, com paranóia, me sentir feio
por, se a conseguir domar
a poder desenhar.
E assim se cumpre o meu ego
que de deslumbrado se faz eco
de dizeres de outros, e não só
que estando já se sentindo pó
me deixam menos só.

sábado, 4 de abril de 2009

DIAS DIFÍCEIS

Escrever
texto, prosa, ... poesia
livre, com ordem
ora doce, ora com azia
tentando afastar a melancolia
adormecendo ao som da melodia
que de tão leve embala
a palavra que não se cala
é uma primazia

Sustentado nas notas do som
que do hi-fi transborda
em previsíveis decifráveis tons
perdendo a tentação
de ir atrás de uma atenção
preguiçosamente se aborda
a pena

E se escreve, se escreve
o que rápido prescreve
no intimo sabendo
que mesmo não querendo
o que no papel se transmuta
no fim
nos encontramos perto
do prazer de estar
com uma difícil luta.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

TRISTEZA

Tristeza que consome o homem
facto de, com a vida, haver um pacto
move o desejo de revolta
de nunca deixar de estar
no lugar onde há felicidade.
E não há erupção de amizade
que, serenamente, enfrente
o sentimento
momento a momento, à espreita
de se aclopar à mente.
Só existe uma possibilidade
ter-se uma constante habilidade
de nunca saber usar a idade!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

VENHA QUEM

Caderno iniciado
sem um outro estar terminado
prenúncio de vontades perdidas
ou apenas, a força das palavras
que não conseguem estar contidas?
Fruto de obscuros trejeitos
ou apenas, porque estava a jeito?
Consequência
da verborreia do pensamento
ou apenas, porque para as palavras
há, ainda, um tempo?
Destino de um ser que não sou eu
ou apenas, porque o verbo é meu?
Venha quem me oriente
mas, por favor
não comente...

sábado, 21 de março de 2009

VERSO SEMPRE

Há quem diga que o verso
tem de ter tema
e há quem, só de pensar nisso
logo tema
Há quem diga que o verso
que não tem rima
não prima
e há quem o escreve
livre e aberto
dizendo que só assim, ele
se afirma
Quer seja consistente ou incongruente
mostrando não ser, em qualquer caso
temente
só as suas palavras
nos poderão dizer se
será verso para sempre.